segunda-feira, 18 de maio de 2009

Brasil



Por trás da promiscuidade que devasta nossos três poderes está a gênese do mal que assola o Brasil: Brasília. Uma capital fruto do delírio de irresponsáveis, desnecessária, cara, isolada do mundo real, voltada para si e de costas para o país. Ali, mergulhados em benefícios que criam à revelia e às custas do Brasil digno e trabalhador, nada acontece – e o que é pior, também não deixam o Brasil acontecer. A verdade está aí e só não vê quem não quer: precisamos de um lugar real para pensar o Brasil, ao menos legislativamente. Enquanto o Poder estiver lá, creiam, nada acontecerá por aqui.

A sucessão de escândalos na ilha da fantasia que é Brasília tem caráter genético. Ao transferir a capital da República para o Planalto, o governo JK assegurou uma série de vantagens e mordomias aos funcionários dos três poderes para lá convocados. O tempo encarregou-se de “aperfeiçoar” tais benesses, embora estivessem mais do que superadas as razões de sua vigência. A contaminação em proporções que abalam a democracia do país. A banalização no uso do dinheiro público viu-se institucionalizado em Brasília como coisa corriqueira.

4 comentários:

Fabiano disse...

Só voto nulo!
Bjão

Thais Nogueira Lopes disse...

Ai Vand! Permita-me discordar de certos pontos. Brasília não é delírio de irresponsáveis. Desde de 18 e tantos, com a missão Cruls, já se tinha o plano de interiorizar a capital do país, permitindo assim maior integração entre os Estados da Federação. O plano além de definir o local, fez mapeamento geológico do cerrado e já tinha o nome de Brasília. O que JK fez foi concretizar o projeto, dando uma roupagem bem mais moderna.
Brasília não tem só deputados corruptos e funcionários públicos marajás. Tem gente que trabalha muito, gente que batalha mesmo e tem que enfrentar uma linha rodoviária caótica e cara, muito cara. Brasília é feita de gente de todas as partes do Brasil e isso a torna única e muito peculiar. Como candanga assumida e apaixonada pela cidade, não posso concordar que a culpa de tudo seja da cidade na qual vivo há 9 anos. Aqui é terra de oportunidades fantásticas, de gente diferente (um pouco estranha e formal demais) e de arquitetura diferente. Que outra cidade tem flores e árvores espalhadas, espaços verdes amplos e muito bem cuidados? Como carioca, acho o Rio fantástico, mas defendo fortemente a "minha" cidade! O que acontece não é uma cultura brasiliense, mas brasileira. A questão do "homem cordial" é sim muito forte em nosso país e isso não é coisa de Brasília somente!
Hugs

Vand disse...

Toda permissão! Desculpe-me o atraso, mas ando em recesso...
Deixarei mais um comentário de um homem sábio:

O comentário abaixo tem 50 anos e é absolutamente atual:

"Não tenhamos dúvida de que o maior perigo de Brasília, situada em zona despovoada, será a ausência de opinião pública como elemento de orientação dos governantes. Sem vigilância, ou apenas vigiados de longe, governantes e legisladores irão pensar de preferência em si mesmos, nos seus bons negócios, em tirar rapidamente o máximo de vantagens em seu exílio no deserto".


Austregésilo de Athayde no 'Diário da Noite', em 7 de janeiro de 1957".

Bernardo Simões Vislon disse...

Muito bom o seu blog. Foi a coisa mais sensata que já li sobre Brasília.
Lugar de funcionalismo público irresponsável. Terra do Nunca.
Posso falar, pois sou brasiliense de nascença, mas barriga verde de corpo e alma.
Não tenho nada contra interiorizar a capital, porém, todos nós sabemos que essa “interiorização” não provocou o esperado: aumentar a integração entre os Estados da Federação. Arquitetura diferente encontramos em diversas outras partes do país, não é privilégio de Brasília. Não conheci essa gente que trabalha por lá, mas sim muitos, muitos marajás.
Como disseram acima que “O que acontece não é uma cultura brasiliense, mas brasileira” acho muito pouco provável, parece-me delírio de ‘cego’.
Mas, enfim, cada um com seu cada um e, um VIVA aos hipócritas que habitam Brasília.

Passarei por aqui mais vezes.
Parabéns!

Bernardo Simões Vislon
Brasiliense, hoje morador de Floripa