quinta-feira, 8 de maio de 2008

Kafka/Amélie

Saber que as pessoas ao lerem Kafka lembram-se de mim, é uma honra. Putz! Ter a minha pessoa atrelada ao grande gênio é algo imensurável.

Agora, o meu paradoxo, pois também sou lembrada pela Amélie Poulain. Não há uma pessoa, até as que não possuem uma aproximação comigo, que não se refira à Amélie ao falar comigo.
Fico em um dilema sem fim, mas, ao mesmo tempo, tenho plena consciência do que acontece. Sou uma fiel leitora do Kafka, e em um país onde as pessoas assistem novelas como algo espetacular; assistem aos noticiários na TV como uma verdade absoluta, alguém que lê e admira Kafka passa a ser uma aberração ou no mínimo um “cara estranho” (já me disseram que essa música foi feita para mim! Fingi não entender).

Outra em um país onde todos querem se sobressair, ou melhor, pisar nos outros para parecer melhor; ninguém se preocupa com o outro; como alguém pode se identificar tanto com a Amélie Poulain? Está certo que fui uma divagadora do filme por aqui (que pretensão!), na verdade fiz todas, TODAS, as pessoas que conheço assistirem ao filme e se apaixonarem assim como eu. Sempre que o filme tem uma apresentação pública e quem a faz é um conhecido, sou convidada para o debate após a exibição.

Estou escrevendo essas coisas, pois, hoje pela manhã, fui abordada por conta dos dois assuntos. E preferi não perguntar o motivo das indagações.


Deixo-vos um texto do Kafka, no original, para vossa apreciação.

Prometheus

Von Prometheus berichten vier Sagen: Nach der ersten wurde er, weil die Götter an die Menschen verraten hatte, am Kaukasus festgeschmiedet, und die Götter schickten Adler, die von seiner immer wachsenden Leber frassen.

Nach der Zweiten drückte sich Prometheus im Schmerz, vor den zuhackenden Schnäbeln immer tiefer in den Felsen, bis er mit ihm eins wurde.

Nach der dritten wurde in der Jahrtausenden sein Verrat vergessen, die Götter vergassen, die Adler, er selbst.

Nach der vierten wurde man des grundlos Gewordenen müde. Die Götter wurden müde, die Adler wurden müde, die Wunde schloss sich müde.

Blieb das unerklärliche Felsgebirge. -- Die Sage versucht das Unerklärliche zu erlären. Da sie aus einem Wahrheitsgrund kommt, muss sie wieder im Unerklärlichen enden.

De: KAFKA, F. "Prometheus". In: BROD, M. (Org.). _____. Hochzeitsvorbereitungen auf dem Lande und andere Prosa aus dem Nachlaß. Frankfurt: Fischer, 2000. p.74.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cara estranho, e a FLIP?